Ricardo Fernandes é o mais recente convidado de Carlos Vidal no Animal que Ri. É licenciado em Turismo, Hotelaria e Termalismo. Trabalhou em diversas áreas porque desde cedo se desafiou. Criou a Easy Fresh, responsável por torná-lo num empresário de sucesso.
Define-se como uma pessoa bem disposta e admite que o seu sorriso tornou-se na sua principal arma porque "é difícil olhar para alguém que está chateado comigo e conseguir-lhe bater hoje em dia, portanto, nada como rir da situação". Ricardo Fernandes é um lutador, um apaixonado, um resiliente, que enfrentou os desafios de uma nova vida depois de um grave acidente que o deixou tetraplégico: "Já tive a ‘sorte’ de dar um excelente presente de aniversário a mim próprio, que foi ter tido um acidente de viação no dia anterior a eu fazer anos. Fiquei 17 horas desaparecido, [foram] mais 3 para me encontrarem, e fiquei tetraplégico. É uma coisa maravilhosa que me dá imensos convites"
Ricardo Fernandes fala sem preconceito sobre tudo e coloca em cima da mesa a questão da morte medicamente assistida, que para si, "é liberdade medicamente assistida, que é diferente". Refere que estamos num país totalmente democrático, onde se apela ao voto e onde se apela para se fazer, mas a abstenção é enorme e cada vez tem sido maior justamente por isso, porque não há um a acreditar em grandes políticas:"Temos um Presidente da República que já atrasou isto cinco vezes. Nós, historicamente, os portugueses e na sociedade portuguesa, não temos a coragem de tomar as grandes decisões. (...) A verdade é que nesta situação existe um animal doméstico, um cão, um gato, seja o que esteja em sofrimento têm o poder de ter o seu descanso. O ser humano não. Estamos a falar de um Estado que nos obriga a estar cá e depois não ajuda em nada e cria imensas barreiras".
Carlos Vidal é imperativo na questão e confronta mesmo Ricardo Fernandes sobre a data marcada: “Só eu sei a data que tenho marcada [morte medicamente assistida], eu, os meus advogados e a minha filha, mais ninguém. Precisamente para não haver esse ‘countdown’. É fazer a vida normal. Hoje em dia a ideia é mais oficial, mas é continuar tudo normalmente".
Ricardo Fernandes vai mais além e confessa: “Vou estar sozinho num apartamento que é o local destinado para esse efeito. Vou tomar o batido, pôr a minha playlist que já está criada, e depois é deixar-me voar, deixar-me adormecer (...) Eu não sei para onde é que vou, se é melhor ou pior. Eu sei que estar aqui assim também já não quero, e, portanto, eu assumo o risco. Se for para pior, OK, logo se vê. Se for para melhor, ótimo”
Consciente da sua decisão e das marcas que vai deixar para o resto da vida com a família, admite ter tomado a sua decisão no dia 13 de maio de 2009: "Estamos em 2025. Eu em 2010 iniciei o processo sozinho, informei a família, tudo e todos (...) Não podem crer que esteja cá só por estar. Os dias pertencem a cada um e cabe a cada um dar-lhes sentido."
Pode ouvir o episódio completo aqui: