DONA E GESTORA DA AGÊNCIA MATRIMONIAL | 60 anos
Depois da morte do meu marido Fernando, nunca mais confiei o meu futuro ou o dos meus filhos a homem nenhum. Agarrei no pouco que me restava e abri uma agência de matrimónios.
O maior desgosto da minha vida é que os meus filhos não se deem. O Benny foi pai cedo. Responsável, decidiu assumir as responsabilidades e casar com a rapariga quando ela ficou grávida. O pior é que, anos depois, ela se apaixonou pelo meu outro filho, Pedro, e os dois decidiram ficar juntos. O Benny ia morrendo de desgosto. Deixou-os ir, mas impediu que levassem o Tito, tinha o menino dez anos.
Desde aí, nunca mais deixou que ela visse a criança. Não concordo com isso, mas o que posso fazer? O meu coração também me dói por estar separada do meu Pedro. Sei que o Benny teve razão em zangar-se com ele, eu também me zanguei, mas, com o tempo, comecei a sentir-lhe a falta. A verdade é que já há algum tempo que os visito às escondidas.
A Salomé é uma grande amiga e confidente, e é com ela que falo sobre as minhas preocupações, os meus filhos, principalmente em relação ao meu negócio. A minha agência tem cada vez menos clientes e eu vou ver-me prestes a ter de fechar as portas.
Mas com a ajuda do meu neto as coisas vão mudar. Ele percebe de tudo da internet e vai criar uma plataforma digital que vai relançar a minha agência no século XXI. Nunca gostei muito da internet. Foi aquela geringonça moderna que afundou o meu negócio com os tinders, os second loves e ordinarices do género, mas eu não quero nada disso. Já deixei claro ao Tito que ele até pode criar uma APP para a minha agência, mas é para ser coisa séria, com objetivo de CASAR, não para dar umas voltinhas. E eu vou ter o dedo final a juntar casais. Esta é a minha especialidade e não vou abdicar dela.