CONTABILISTA/RECLUSO | 40 anos
Estou preso porque era muito ambicioso e deixei-me deslumbrar pelo dinheiro. Trabalhava como contabilista numa imobiliária, onde os sócios da empresa tinham muito esquemas e eu acabei por entrar nos esquemas deles. Houve uma denúncia e eu fui o único que não se safou, claro. Apanhei uma pena de 4 anos por burla qualificada e branqueamento de capitais e ainda fui condenado a pagar uma multa de 300 mil euros. Tenho esperança de sair em liberdade condicional em breve.
Tem sido a minha mulher, com o trabalho dela, quem tem pago a dívida. A Aurora é uma mulher extraordinária. Tive a sorte da minha vida quando a conheci, num dia de surf, em Sagres. Ela perdoou os meus erros e tem lutado muito para que a nossa família se mantenha unida. Sei que a Aurora já passou por muito na vida e não merecia mais este golpe.
Quando sair daqui vou mostrar-lhe que sou uma pessoa diferente, que aprendi muito com a privação da liberdade e do conforto. Vou estar disponível a cem por cento para a minha mulher e para o meu filho.
Sou uma pessoa sociável, confio facilmente nos outros e sou extrovertido. Descobri que o dinheiro é um vício, tal como a droga. Por isso é que preciso manter-me longe dele, do prazer que ele pode proporcionar. A prisão deu-me um banho de realidade e agora estou ciente de que preciso de muito pouco para ser feliz.
O que mais quero neste momento? Sair daqui, ir para a minha casa e estar junto da minha família. Quero reconquistar o meu filho David e provar-lhe que ainda estou a tempo de ser um bom pai. Ele nunca me veio visitar e isso é duro. Ambiciono ser o marido perfeito, que a Aurora merece.
Quando sair da prisão vou trabalhar como contabilista na academia da Maria.