Morte de Artur Agostinho
2011 foi o ano da morte de Artur Agostinho, ou o ano da vida que nos deixou. Comunicador de mil tarefas, foi presença marcante aos microfones, perante as câmaras e nas telas. Na palavra escrita e no verbo dito, soube o que era, quem era, quem eram os outros, os tantos que foram ouvindo, e lendo e vendo na arte de um ofício que lhe exigiu força de viver até ao fim. A ele se entregou sem complacência, a nós se deu sem reticência, preservando o “olarila” de outrora como se tivesse nascido hoje.
Música (fado) – Fado Português – Amália Rodrigues
“O fado nasceu um dia…”
Fado considerado património da Humanidade pela UNESCO
Amanhã, e para sempre, quis o destino que o Fado fosse imortal. E se para nós já o era, para o mundo passou a sê-lo, pela força de um decreto: a canção nacional é, desde novembro de 2011, uma canção da Humanidade. Património Mundial da UNESCO que renovou o orgulho e reergueu o cosmos de um país acinzentado por outro tipo de amarguras.
Morte de José Manuel Osório
O mesmo país que mais amargo ficou quando o próprio Fado perdeu um dos seus; investigador incansável, estudioso, enlevado e grato pela vida à qual se abraçou até esta o deixar, deixou-nos José Manuel Osório. Rosto do Fado e de luta contra uma doença e o vírus do estigma a ela associado. Sobreviveu ao estigma, foi duelista perante a doença, com ela esgrimindo e impondo respeito até ao desfecho que aconteceu pela inevitabilidade do que é efémero.
Música – guitarra portuguesa
Morte do guitarrista Fontes Rocha
Para sempre a guitarra de Fontes Rocha, o homem que, avesso da fama, do avesso virou o modo de tocar as 12 cordas portuguesas. Compositor, arranjista, guitarrista, que foi prolongamento do tato de Amália, mestre Fontes teve o seu último acorde em vida no meio de agosto de 2011.
Música "Já Não Estar” – Camané
“Se às vezes numa rua, num lugar…”
Interpretação fado de Camané pré-selecionado para os Óscares
Manifestamente em alta no ano que passou, o Fado foi igualmente objeto de atenção por parte de Hollywood; a interpretação de Camané do fado "Já Não Estar", integrado na banda sonora do filme "José e Pilar", de Miguel Gonçalves Mendes, foi integrada pela Academia nos 39 temas pré-selecionados para o Óscar de "Melhor Canção Original". O fado tem letra de Manuela de Freitas e música de José Mário Branco.
Concerto Rock in Rio
Acordar não foi preciso, o sono... não mais que o necessário para acordar outra vez. Assim foi o “Rock in Rio” que no Rio deu rock e o mais que se não diz aos milhares que muitos foram para ouvir e sentir os que fazem da combinação dos sons uma arte. Atlântico a separá-los, o Atlântico os uniu, na lusitana presença que encimou um dos maiores palcos da música.
Concerto Rock in Rio – The Gift
Música e concerto - Cesária Évora – “Sodade”
“Quem mostra bo
Ess caminho longe
Quem mostra bo
Ess caminho longe
Ess caminho pa São Tomé…”
Celebrar a música é lembrar Cesária; Évora de apelido, cabo-verdiana de nascimento; cidadã do mundo, diva da lusofonia, particular no modo com que afagou o dialeto que a imortalizou e a música que lhe conferiu o estatuto de universalidade.
Música – Cesária Évora – “África Nossa”
“Si nô tiver fê
Na nôs capacidade…”
Morte de Cesária Évora
Aos 70 anos foi traída, em dezembro, pela saúde que um trimestre para trás lhe ditara a sentença da retirada dos palcos que pisou ao natural. Dela sentem eles a saudade, assim como os ritmos que entristeceram num primeiro momento para ressurgirem depois, na certeza que o canto de Cesária desdenha da tristeza e celebra a alegria.
Por cá, verão... o que se passou. Nos festivais do costume, nos cartazes transversais que encurtaram gerações, apelativas que foram as vozes que os encimaram.
Optimus Alive ao rubro
Desde logo, o “Alive” no Passeio Marítimo de Algés; das 160 mil entradas para os quatro dias de concerto, a estreia juntou 50 mil para escutar Coldplay.
Música - Concerto de Coldplay – música “Yellow”
“Your skin
Oh yeah your skin and bones
Turn into something beautiful
You know You know I love you so…”
Um problema na estrutura do palco principal obrigou ao cancelamento de três concertos. Vai daí, um atraso que superou em largos minutos a entrada em palco dos 30 Seconds... To Mars.
Zé Pedro regressa ao palco um mês depois de uma intervenção cirúrgica.
To all people, Zé Pedro regressou aos palcos um mês depois de uma intervenção cirúrgica. No total, foram 120 os artistas que desfilaram pelo recinto.
E na praia do Meco...
60 mil foram os peregrinos do Meco. Nomes grados da música para agrado dos fãs confluíram no uníssono possível da música dos Portishead e Arcade Fire, entre outros.
Música – Concerto Portishead
Entre os outros, destaque para presença portuguesa de excelência pelo som universal de Rodrigo Leão.
Assim foram os ecos do “Super Bock Super Rock”.
Zambujeira do Mar
A sudoeste, o festival mais geográfico do continente acolheu 175 mil visitantes na Zambujeira do Mar, pese embora a terra tenha repartido música, dança e animação partilhada por três palcos. Snoop Dogg, Kanye West, Scissor Sisters e The National contaram-se entre os internacionais que dividiram os quatro dias, onde não faltou presença portuguesa.
Deolinda – “Mal Por Mal”
“Já me enquadro na tua estrutura…”
Homenagem aos 70 anos de carreira de Eunice Muñoz
Das pautas ao vivo para o palco de Molière. Celebrar o teatro foi também participar na homenagem dos 70 anos da carreira de Eunice. Aos 83 de vida, a devida vénia presidencial em forma de um país reconhecido e de uma arte que a reconhece como maior entre os grandes. Condecoração a preceito, foi em novembro que mais um prémio contracenou com a atriz do público e da crítica que em todas as primaveras se chama... Eunice Muñoz.
Morte de José Mensurado
A dama e o cavalheiro: José Mensurado, o homem que nos deu a lua de pés assentes na terra, interrompeu a vida no último mês de 2011. Durante 40 anos foi presença assídua nos ecrãs, a eles se dirigiu com respeito e sem cedências; neles se aproximou do público e do público fez a sua missão: de informar, dizer, saber dizer ao serviço de um bem comum que menos bem ficou com a sua ausência.
Britney Spears em Lisboa
Presença “qb” em noite de animação pop; popular por causa da música e dos devaneios de uma vida nem sempre privada, Britney Spears reuniu fãs e coreografia "softcore" no coração de Lisboa. O Atlântico foi pavilhão multiusos no ano há dias findado.
Concerto de Rihanna
Pelo que foi em tempos a Expo ‘98 passou em dezembro de 2011 a cantora dos Barbados que babou imberbes e quejandos no âmbito da "Loud Tour". Foi a terceira vez que Rihanna atuou entre nós, principalmente entre os que esgotaram o concerto. Aos 23 anos, Rihanna faturou no ano passado, entre espetáculos e discos, a módica quantia de 23 milhões de euros.
Brian Adams em concerto também no Pavilhão Atlântico
Dois dias antes, no mesmo Pavilhão, o canadiano que já foi indígena de Cascais regressou ao burgo para mais um concerto. Desenganem-se os que pensam que a reprise foi sinónimo de desinteresse. O recinto encheu e não se cansou de escutar, mais uma vez, os hits de ontem, de hoje e, quem sabe, se de amanhã. Bryan Adams pode ficar tranquilo...
Concerto Bryan Adams – “Somebody”
“I’ve been looking for someone,
Between the fire and the flame,
We’re all looking for something,
To ease the pain…”
Concerto de despedida dos Scorpions
Nem vale a pena dizer onde foi. 19 mil incondicionais dos Scorpions reuniram admiração e apreço para o adeus à emblemática banda alemã que assinalou o fim de 45 anos de carreira. Míticos nos anos 70 e 80, os Scorpions foram descobrindo ciclicamente elixires de uma juventude que, se a idade foi confirmando, o vigor em palco foi contrariando.
Para a história ficam 100 milhões de discos vendidos e o título de maior banda germânica de sempre...
Concerto dos Bon Jovi
Porventura menos clássicos mas não menos intemporais, os Bon Jovi também marcaram presença entre os presentes que responderam à chamada para ver e ouvir a banda norte-americana. 56 mil pessoas deliraram com as diatribes de um concerto com quase três horas de duração. Quase 30 anos de carreira ficaram espelhados na atuação que marcou os que a ela tiveram ensejo de assistir naquela noite do último dia de julho no Parque da Bela Vista.
Concerto Bon Jovi – “Shot through the heart”
“Shot through the heart,
And you’re to blame,
You give love…”
Os Deolinda
Outra música, outra mensagem; os Deolinda foram sucesso dentro e fora dos palcos. Involuntariamente, a canção "Parva Que Eu Sou" tornou-se uma espécie de hino de crítica ao desempenho da classe política, suas causas e, sobretudo, suas consequências. A letra lembra, sem ser preciso, as dificuldades que os jovens enfrentam no mercado de trabalho e questiona o retorno do investimento feito na educação. O concerto nos Coliseus consagrou a cumplicidade das palavras e do público que nelas se reviu e continua a rever.
Clip Deolinda - "Parva Que Eu Sou”
“Sou da geração ‘Vou queixar-me pra quê’
Há alguém bem pior do que eu na TV,
Que parva que eu sou…”
Prémio Pritzker para Souto Moura
Da música para a arquitetura, onde Portugal continuou a distinguir-se no plano internacional. Prova disso, o Prémio Pritzker atribuído a Souto Moura. O arquiteto portuense de 59 anos recebeu das mãos de Barack Obama o equivalente ao Nobel da Arquitetura. O presidente norte-americano comparou o português a Thomas Jefferson pela forma como disponibiliza o talento ao serviço da comunidade.Barack Obama declarou: “Eduardo Souto de Moura desenhou casas, centros comerciais, galerias de arte, escolas e estações de Metro com um estilo que aparenta ter tanto de espontâneo como de bonito.”
Prémio Camões para Manuel António de Pina
Mais nacional mas não menos relevante, o Prémio Camões distinguiu Manuel António Pina. Traduzido em mais de uma dezena de línguas, este escritor, poeta e jornalista junta o mais importante prémio em língua portuguesa a outras distinções. Recolheu a unanimidade do júri reunido no Rio de Janeiro que decidiu premiar uma obra repartida pela poesia, literatura infantil e teatro. É igualmente, e não é pouco, um observador atento da realidade, vista e comentada nas crónicas que regularmente assina.
Eduardo Lourenço laureado com Prémio Pessoa
Outro prémio luso, distinção a preceito para Eduardo Lourenço. O filósofo e ensaísta foi agraciado na 25ª edição do Prémio Pessoa; o júri decidiu premiar e homenagear o pensador e a personalidade ímpar do universo da filosofia e das letras nacionais. Aos 88 anos, Eduardo Lourenço permanece como exemplo intelectual, cívico e ético de alguém que, sem nunca procurar protagonismo, marcou e continua a marcar gerações.
Harry Potter, o sucesso de bilheteira
Excerto do filme “Harry Potter e os Talismãs da Morte - Parte 2”
Harry Potter: “Vamos terminar isto como começámos… juntos!”
O prémio de bilheteira do ano passado foi para Aquele Cujo Nome Se Pode Dizer: Harry Potter chegou ao fim, não sem que antes nos deslumbrasse com a fantasia... dos números; três semanas depois da estreia, já a cicatriz do feiticeiro originara 700 milhões de euros em receitas nas salas de cinema. Sete livros e oito filmes culminaram no derradeiro adeus à luta entre o Bem e o Mal, projetada em julho de 2011.
Tintin visto por Spielberg e Peter Jackson
Da nona arte para a sétima foi a distância de uma vontade: mestre Spielberg e Peter Jackson transpuseram dos quadradinhos para o retângulo dos irmãos Lumière as aventuras do intrépido Tintim. A revista dos jovens entre os 7 e os 77 anos foi revista e adaptada ao cinema numa obra que muitos consideram um prodígio de tecnologia e de conteúdo. Mesmo para as gerações habituadas ao hebdomadário que fez escola e vício entre nós, a aventura levada à tela não tem defraudado expectativas.
Lançamento de inédito de Saramago, Clarabóia
De regresso às letras e ao lançamento de um inédito de Saramago; "Clarabóia" se chama a obra que preencheu escaparates e admiradores do Nobel literário português. O segundo romance do que terá sido o mais ilustre habitante de Lanzarote retrata o quotidiano dos habitantes de um prédio e de um país cinzento na política e nos costumes. Foi desejo expresso de José Saramago que a obra não visse a luz do dia antes da sua morte.
Morte de Angélico Vieira
A de Angélico Vieira fez correr tinta, polémicas e discussões. Fosse o que fosse o que aconteceu, ou porque aconteceu, para a história fica o desaparecimento de um cantor com uma impressionante legião de fãs. Tinha 28 anos quando o carro onde seguia se despistou, alegadamente devido ao rebentamento de um pneu. O acidente teve lugar no mês de junho. Excesso de velocidade foi um dos itens mencionados no despacho de arquivamento do processo-crime emitido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Aveiro. O mesmo despacho concluiu que o veículo estava em boas condições na altura do acidente.
SIC conquista um Emmy com novela “Laços de Sangue”
Fechada fica esta revista com o Emmy conquistado pela SIC. A novela "Laços de Sangue" conquistou um dos mais importantes troféus mundiais em Televisão. O anúncio do prémio foi assim: “Laços de Sangue”.
Foi em Nova Iorque que a cerimónia consagrou a co-produção da SIC e da Globo. Luís Marques, diretor-geral da SIC declararia: “Este prémio é uma grande honra, para nós… para a SIC. O sonho tornou-se realidade, caros amigos.”
Emoção, orgulho, reconhecimento e apreço dentro e fora de portas assinalaram o momento com entrada direta para a história da televisão portuguesa. O Presidente da República juntou a sua à voz dos que se congratularam com a distinção, entre outras, que têm distinguido a SIC, que neste ano de 2012 celebra 20 anos de um princípio de vida...
Também por isso… Feliz Ano Novo.
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