Ontem Já Era Tarde

Gonçalo Almeida: “Ameaça dos jogadores ao Mundial de Clubes? Primeiro estranha-se, depois entranha-se”

Enquanto advogado da FIFA, Gonçalo Almeida lidou com vários processos de jogadores. Alguns deles que via apenas pela televisão. Recorda que, no mesmo dia, chegou a falar com o colombiano René Higuita e o camaronês Roger Milla, protagonistas de um lance histórico no Mundial de 1990. Saiba mais sobre a sua história com o podcast ‘Ontem Já Era Tarde’ de Luís Aguilar

Ontem já era tarde

Gonçalo Almeida não esconde o seu benfiquismo e diz, com orgulho, que é “um sócio águia de prata e quase a chegar a águia de ouro”. Apesar do lado emocional com o Benfica, já trabalhou com outros clubes. Inclusivamente representou o FC Porto em dois processos, ambos com resultado positivo. Um deles que opôs os dragões ao treinador Co Adriaanse e outro em que o FC Porto ganhou uma decisão contra a UEFA, então presidida por Michel Platini, na época do processo “Apito Dourado” em que os dragões conseguiram contestar uma decisão que os impedia de jogar a Liga dos Campeões e tiveram acesso à prova milionária: “Conhaque é conhaque, trabalho é trabalho. E quem não pensar assim, não vai longe na vida. O facto de ser benfiquista, e querer muito que o meu clube vença, não tem de me impedir de trabalhar com todos os clubes.”

No entanto, Gonçalo Almeida admite que houve quem não pensasse assim no Benfica. “Sendo benfiquista nunca trabalhei com o meu clube. E não foi por mim. Mas algumas pessoas que estavam no Benfica, nomeadamente o diretor jurídico no tempo de Luís Filipe Vieira, não sabiam fazer essa separação.” Sobre o momento atual das águias, Gonçalo Almeida analisa o trabalho de Rui Costa. “Tenho o maior carinho pelo atual presidente, é uma pessoa simpática, afável e um grande benfiquista. É um homem que ama o Benfica, mas não me revejo na gestão atual.” Gonçalo Almeida garante que esta opinião não mudaria com títulos: “Isso é na cabeça do adepto talibã. Se é campeão, nada mais interessa e está tudo bem. Não penso assim. O maior problema de Rui Costa é não saber delegar nem escolher as pessoas certas para determinados cargos. Vejo pela minha área, por exemplo. O departamento jurídico do Benfica não tem um diretor e isso é impensável quando falamos na maior marca nacional.” Gonçalo Almeida recorda ainda as principais virtudes e defeitos do anterior presidente e do atual: “Virtude de Vieira é que era um trabalhador incansável, defensor dos interesses do clube, e o defeito foram algumas companhias. Sobre Rui Costa a grande virtude é ser um grande benfiquista e o que percebe de futebol. O maior defeito é a incapacidade nata de gerir o clube porque não estudou para isso. Luís Filipe Vieira também não estudou, mas foi formado pela universidade da vida. Rui Costa foi jogador de futebol, ponto. Se estivesse rodeado pelas pessoas certas seria um excelente presidente.”

O futebol é o ponto de partida nestas conversas sem fronteiras ou destino agendado. Todas as semanas, sempre à quinta-feira, Luís Aguilar entra em campo com um convidado diferente. O jogo começa agora porque Ontem Já Era Tarde.

Últimas