Depois de uma refeição começa a digestão e o sangue circulante concentra-se parcialmente no sistema digestivo para que haja maior absorção de nutrientes. É com base nisto que há um receio generalizado de que ao entrar na água o frio redirecione o sangue para o resto do corpo, e, consequentemente, obrigue o estômago e os intestinos a parar o que estão a fazer - resultando na conhecida “paragem de digestão” .
Por outro lado, há quem ache que pode acontecer precisamente o contrário: temos mais sangue na barriga e por isso os músculos vão ficar sem sangue e com câimbras e isso pode levar ao afogamento.
A digestão não para de um momento para o outro
Numa pessoa saudável, a circulação sanguínea funciona de forma a garantir que todos os tecidos recebem o sangue e oxigénio que precisam, quer seja antes ou depois de uma refeição.
O que pode acontecer, que é desconfortável mas não tem grande risco, é aquilo a que chamamos de indigestão - uma sensação de mal estar ou azia. E isto tanto pode acontecer por entrar em água fria, como por ter comido demasiado e ir correr a seguir.
Em relação ao choque térmico, que é uma preocupação um bocadinho mais fundamentada, há maneiras simples de o prevenir.
Se estiver em ambientes muito quentes, ou depois de várias horas ao sol, evite entrar em águas frias repentinamente. Entre devagar e deixe que o seu corpo se habitue com algum tempo à temperatura.
O afogamento é muito rápido e silencioso
Mas sabe o que é que é muito mais importante do que o intervalo de tempo entre a refeição e o mergulho?
Saber como prevenir afogamentos, um problema importante, especialmente nesta altura do verão. Grande parte dos afogamentos com crianças acontecem com adultos a ver, porque há uma tendência a achar que alguém está a ver e por isso é fácil haver uma distração.
Basta estar ao telemóvel ou a ler para que haja maior risco - porque o afogamento é, ao contrário do que muitos pensam, silencioso e muito rápido. Por isso é essencial que não perca as crianças de vista, que use auxiliares de flutuação adequados à idade e que instale barreiras de segurança à volta da piscina. Habitualmente devem ter mais de 1 metro e 10 de altura, ser transparentes, e com fecho automático para impedir acessos não vigiados.
Ensinar as crianças a nadar e pedir ajuda também pode fazer toda a diferença.
Espero que as medidas preventivas de afogamentos se tornem tão difundidas quanto o famoso mito de não poder tomar banho depois de almoçar ou de jantar, porque sobre isso pode ficar descansado.