Suor em excesso, roupas manchadas, desconforto em situações sociais e até dificuldades em tarefas simples do dia a dia. Para quem sofre de hiperidrose, esta é uma realidade constante. A boa notícia? O botox, conhecido sobretudo no combate às rugas, é também uma solução eficaz para este problema.
“A hiperidrose é uma condição caracterizada pela produção excessiva de suor, que vai além do necessário para regular a temperatura corporal”, explica a médica de medicina estética Matilde Jácome de Castro. Segundo a especialista, as zonas mais afetadas costumam ser “as axilas, as palmas das mãos, as plantas dos pés ou a face”.
Mais do que um incómodo físico, trata-se de uma condição com forte impacto emocional. “Pode dificultar tarefas simples como escrever ou segurar objetos, gerar constrangimento em contextos sociais e profissionais e, acima de tudo, comprometer a autoestima e a qualidade de vida”, sublinha.
Como funciona o botox contra o suor excessivo?
O tratamento consiste na aplicação de toxina botulínica diretamente na área afetada. “O botox atua ao bloquear temporariamente a libertação de acetilcolina nas glândulas sudoríparas. Sem este estímulo nervoso, as glândulas deixam de produzir suor em excesso”, descreve a médica.
O efeito é localizado e seguro: “Não compromete a regulação global da temperatura do organismo, apenas controla o suor na região tratada.”
Resultados visíveis em poucos dias
De acordo com Matilde Jácome de Castro, os resultados “começam geralmente a ser visíveis entre 3 a 7 dias após a aplicação, atingindo o efeito máximo em cerca de duas semanas”. A duração média situa-se entre 6 a 9 meses, sendo depois necessário repetir o tratamento.
É doloroso?
A tolerância ao procedimento depende da área tratada. “Nas axilas, é geralmente bem tolerado e pode ser feito apenas com anestesia tópica. Já nas mãos e pés, a sensibilidade é maior e pode ser necessária anestesia local”, esclarece.
Os riscos são mínimos e os efeitos adversos, quando surgem, “tendem a ser ligeiros e temporários, como dor, inchaço ou hematomas”. No caso das mãos, pode ocorrer “fraqueza muscular transitória, mas que é reversível”.
Redução até 100%
Um dos pontos mais impressionantes é a eficácia. “Na maioria dos casos, verifica-se uma redução muito significativa, muitas vezes próxima dos 90 a 100% na zona tratada. Contudo, a resposta pode variar de pessoa para pessoa”, indica a médica.
Quem procura este tratamento?
Segundo a especialista, os pacientes mais frequentes são “jovens adultos e adultos de meia-idade com hiperidrose primária, isto é, sem causa identificável, que não responderam a tratamentos tópicos”.
Ainda assim, o tratamento tem contraindicações: não deve ser realizado em grávidas, mulheres a amamentar, pessoas com alergia conhecida ao produto ou com doenças neuromusculares.
Mitos a desconstruir
Apesar da sua eficácia, persistem alguns receios. “Um mito frequente é pensar que o botox é perigoso ou causa problemas sistémicos. Na realidade, quando aplicado por um médico com experiência, é um procedimento seguro, localizado e reversível”, garante Matilde Jácome de Castro.
Outro mito comum é acreditar que o suor “desaparece de uma zona e aparece noutra”. A médica é clara: “Isso não acontece. O que ocorre é apenas a interrupção temporária da produção de suor na área tratada, sem compensação noutras regiões.”
Um impacto direto na qualidade de vida
Mais do que uma solução estética, trata-se de um tratamento que devolve confiança e bem-estar a quem sofre com o problema. “O mais importante é sublinhar que o botox pode transformar significativamente a vida das pessoas com hiperidrose”, conclui.