Saúde e bem-estar

Regresso à escola: 5 regras de ouro para um melhor arranque do novo ano letivo

O início do ano letivo é sempre um momento de expectativas, nervosismo e adaptações. Muitos pais perguntam-se como podem ajudar os filhos a sentirem-se mais tranquilos neste arranque. Não há receitas mágicas mas há dicas valiosas.

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A primeira coisa a compreender é que as crianças e jovens sentem muito além das palavras. Mesmo que os pais não verbalizem os seus medos ou receios, eles estão presentes, na expressão, na energia, na comunicação não verbal. E os filhos absorvem essa pressão.


Por isso, o primeiro passo para apoiar os filhos é olhar para si próprio:

Reconhecer os seus medos e receios.

Trabalhar a sua própria ansiedade.

Libertar-se da ideia de perfeição ou de que tudo precisa de correr sem falhas.

Quando os pais encontram serenidade, passam segurança aos filhos.


Uma reflexão importante sobre as notas

Da minha experiência, uma das maiores fontes de ansiedade em crianças e jovens é a pressão em torno das notas. Muitos crescem a acreditar que todo o seu valor depende do resultado no final do ano. É natural que os pais desejem o melhor desempenho escolar para garantir um futuro sólido. No entanto, é importante lembrar que o sistema de ensino está sempre um passo atrás das novas gerações.

Muitos dos empregos que hoje existem — ligados às redes sociais, ao marketing digital, à programação, às startups ou até ao empreendedorismo criativo, não faziam parte do horizonte da geração dos pais. Profissões que surgiram e outras que ainda vão surgir dependem cada vez mais de criatividade, iniciativa, capacidade de adaptação e de trabalhar em equipa.

Por isso, as notas, embora importantes, não são um retrato fiel nem preditivo do futuro de uma criança ou jovem. O que vai realmente marcar o caminho deles é a confiança em si mesmos, a resiliência e a capacidade de aprender continuamente.


Aprender também o que não interessa

É igualmente importante transmitir aos filhos que o valor deles não depende exclusivamente das notas. E mesmo quando dizem que estão a aprender algo que não lhes interessa, esse processo tem um grande valor.

Hoje já sabemos, através da investigação científica, que aprender coisas novas — mesmo as que parecem pouco relevantes — treina a nossa neuroplasticidade. Além disso, quando um jovem consegue ter disciplina para estudar algo que não gosta, está a desenvolver competências de caráter e capacidades cognitivas que serão úteis para toda a vida.


O segredo está no equilíbrio:

Não uma responsabilidade esmagadora, que gera medo e ansiedade.

Mas também não uma liberdade excessiva que leve à preguiça ou à falta de esforço.

Cada família é única, cada criança é única. O ideal é encontrar uma dança entre responsabilidade e liberdade, permitindo que os filhos descubram até onde são capazes de ir.


E há um princípio que considero essencial: embora a escola faça avaliações normativas para todos, enquanto pais devemos avaliar o progresso dos nossos filhos a partir do seu ponto de partida. Não comparando com os outros, mas reconhecendo e celebrando cada passo que eles dão em direção ao seu próprio desenvolvimento.

Dicas práticas para os pais:

1. Respirar fundo antes de falar sobre a escola com os filhos, transmitindo calma em vez de urgência.

2. Validar os sentimentos deles, em vez de dizer “não tenhas medo”. É melhor dizer: “eu entendo que possas sentir-te nervoso, é normal”.

3. Criar pequenas rotinas de segurança, desde preparar a mochila juntos até manter momentos de descontração em família nos primeiros dias.

4. Valorizar o esforço e não apenas os resultados, celebrar a dedicação, a persistência e a curiosidade, mais do que as notas finais.

5. Cuidar de si próprio como pai/mãe, porque um pai tranquilo transmite tranquilidade, e uma mãe confiante transmite confiança.


No fundo, ajudar os filhos no regresso às aulas começa por dentro: quanto mais serenos os pais estiverem, mais confiança terão os filhos para enfrentar os seus próprios desafios.


Ana Isabel Ferreira, psicóloga

Nota importante: Este artigo é uma reflexão baseada na observação pública de comportamentos e discursos, com fins informativos e de consciencialização. Não se trata de um diagnóstico psicológico, nem pretende substituir uma avaliação clínica individualizada. A análise apresentada refere-se a traços de comportamento e não deve ser entendida como uma rotulagem da identidade de qualquer pessoa. Todos os seres humanos são complexos e merecem ser vistos na sua totalidade.

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